BART 6221/74 - A HISTÓRIA DO BATALHÃO DE ARTILHARIA 6221/74 - ANGOLA 1975

quinta-feira, 26 de janeiro de 2017

FINALMENTE ASSINEI CONTRATO PARA A EDIÇÃO DO LIVRO E... ENCONTREI A ORIGEM DO APÔDO “BATALHÃO PÉ-DESCALÇO”


FINALMENTE ASSINEI CONTRATO 
PARA A EDIÇÃO DO LIVRO 
E... 
ENCONTREI A ORIGEM DO APÔDO 
“BATALHÃO PÉ-DESCALÇO” 

Caríssimos camaradas,

Finalmente assinei ontem contrato para a edição do livro, com a Chiado Editora. Houve uma pequena alteração do título, por sugestão do editor, para Últimos no Leste de Angola – Na retirada do exército português em 1975.

Prevê-se que a fase de produção dure quatro meses, embora eu tenha alertado para que seria conveniente ter o livro pronto em meados de Maio próximo. Isto para que o livro possa ser apresentado no próximo Encontro Anual do Batalhão, onde poderá ser vendido em primeira mão, com dedicatórias do autor e a preço inferior ao que irá ter no mercado.

Mesmo no limite da preparação do original para enviar à editora, encontrei na internet aquilo que penso ser a origem do execrável (e sem qualquer verdade) apôdo com que nos presentearam na imprensa portuguesa da altura: Batalhão pé-descalço. Parece-me que tudo começou com uma comunicação do capitão Azevedo Martins, do MFA de Angola, à Assembleia dos Delegados do Exército, ocorrida em Tancos, a 2 de Setembro de 1975, comunicação essa que incluí no final do livro como anexo.

Deixo aqui esse texto:

"(...) Estão presentemente sediados em Nova Lisboa um Comando de Agrupamento, um Batalhão de Cavalaria e um Batalhão de Infantaria. Não existe sequer uma arma pesada, e dos dois Batalhões, o de Cavalaria ainda poderá dispor de pouco mais de 100 homens para o combate, enquanto que o de Infantaria não poderá dispor de ninguém, pois é o Batalhão que veio do Luso e que os próprios soldados do Comando do Agrupamento e do Batalhão de Cavalaria apelidam de "Batalhão do pé descalço”.

Este Batalhão, no seu deslocamento do Luso para Nova Lisboa, foi desarmado e espancados alguns dos seus elementos, incluindo o próprio Comandante. Perderam-se cerca de 4000 armas, rádios, munições, material cripto, tudo em posse da Unita. Foi o próprio Chiwale, 2.º Comandante Militar da Unita, que ordenou esta acção contra o Batalhão, como represália por acções menos correctas das nossas tropas em Sá da Bandeira, das quais trataremos mais à frente. Deste Batalhão, soldados houve que chegaram a Nova Lisboa em cuecas, facto que terá traumatizado esses elementos, mas é agora trauma explorado para forçar a sua retirada imediata para Portugal, embora só tenha... 3 meses de comissão!

Ciganos, que fazem parte dos elementos do Batalhão, logo após a entrada no quartel que lhes foi distribuído, começaram com arrombamentos e roubos. Impossível é, e porque tudo já se tentou, convencer a maioria a pegar em armas, mesmo que seja para desempenhar a também nobre missão de sentinela. Os factos passados com este Batalhão, e com uma "espécie de Companhia" que apareceu em Nova Lisboa, muito contribuiram para uma quebra no entusiasmo com que os poucos mais de 100 homens do BCav vinham desempenhando árduas missões, mesmo fora da sua zona de acção, como foi a evacuação da população de Malange.

A "espécie rara de Companhia" que atrás referi é um bando, não digo armado, por à semelhanca do Batalhão, ter sido também desarmada pela Unita, quando do regresso de uma missão de Henrique de Carvalho para Luanda. O Comandante desta Companhia apareceu em Nova Lisboa escoltado por elementos da FNLA, brancos, armados, pedindo cerca de 2.000 mil rações de combate e alguns milhares de litros de gasolina. Refere-se que o dito Comandante da Companhia não estava sob qualquer coacção! (...)”

O Capitão nem acerta com a arma do nosso Batalhão, designando-o “de Infantaria” e depois... será que esta "espécie rara de Companhia" que refere, era a nossa 2ª Companhia? Todo este arrazoado sem nexo é muito lamentável, ainda para mais, vindo de um capitão do MFA...

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