BART 6221/74 - A HISTÓRIA DO BATALHÃO DE ARTILHARIA 6221/74 - ANGOLA 1975

sexta-feira, 21 de julho de 2017

A GAZETA DAS CALDAS PUBLICOU UM TEXTO SOBRE O LIVRO ÚLTIMOS NO LESTE DE ANGOLA

A GAZETA DAS CALDAS 
PUBLICOU UM TEXTO SOBRE O LIVRO
ÚLTIMOS NO LESTE DE ANGOLA



A jornalista Natacha Narciso da Gazeta das Caldas, escreveu um artigo sobre o “nosso” livro e, apesar de algumas imprecisões (uma ou outra estão corrigidas a vermelho), o texto revela-se útil para quem se interessar, ou não conhecer o livro. Aqui fica o texto, publicado hoje, 21-07-2017 – com a imagem (acima) do que foi publicado e depois o OCR, para quem não quiser, ou não conseguir ler o texto na imagem:

AS MEMÓRIAS DA RETIRADA DO EXÉRCITO PORTUGUÊS DE ANGOLA ESTÃO CONTADAS EM LIVRO

"Últimos no Leste de Angola - na Retirada do Exército Português em 1975", assim se intitula o livro de Jorge Machado-Dias, colaborador deste semanário, tendo a seu cargo a rubrica Gazeta da Banda Desenhada. A obra, lançada em Junho, em Lisboa, tem a chancela da Chiado Editora e regista as memórias do autor em 1974 (começam em1973) e 1975 durante os anos quentes da descolonização de Angola quando este envergava o uniforme do Exército português.

Natacha Narciso
Jorge Machado-Dias conta neste livro como foi o seu serviço militar entre 1973 e 1975, parte dele passado em Angola para onde foi em comissão de serviço precisamente dois dias antes do 25 de Abril. Aquilo que era para ter sido uma presença militar de combate à guerrilha independentista angolana (a guerra colonial em Angola já durava desde 1961), acabou por se transformar numa comissão 'de serviço atribulada devido à descolonização e à confusa·independência do país que acabaria por ter lugar em Novembro de 1975.

Este foi um período marcado pelo início da guerra civil entre os movimentos de libertação angolanos e também pelo regresso a Portugal de cerca de 350 mil retornados.

O autor fez parte do Batalhão de Artilharia 6221/74 e resolveu compilar este registo na primeira pessoa por ter vivido acontecimentos dramáticos como, por exemplo, a viagem de retirada do seu batalhão do Luso (actual Luena) para Nova Lisboa, (Huambo).

Uma das companhias seguiu viagem por estrada, com viaturas Land Rover e Unimog, integrando uma extensa coluna de viaturas civis de refugiados em fuga do então Luso, que já era palco de combates entre os movimentos de libertação de Angola. As restantes três companhias retiraram por comboio, apinhado de refugiados civis, transportando também viaturas civis e militares. Duas carruagens daquele transporte iam carregadas de material de guerra: cerca de cinco toneladas de armas e munições que tinham ficado nos quartéis do Luso, deixadas por unidades militares ali estacionadas anteriormente.

O comboio saiu numa altura em que a UNITA (União Nacional para a Independência Total de Angola) perdia combates com o MPLA (Movimento Popular de Libertação de Angola) devido a estar a ficar sem munições. E por isso, forças da UNITA resolveram atacar, não só o comboio, como a coluna auto. O ataque foi feito por guerrilheiros daquele movimento que roubaram as armas transportadas, incluindo as dos próprios militares portugueses. Este ataque-roubo, que não fez mortos nem feridos, foi um episódio "traumatizante'' para muitos dos militares daquele batalhão pois "fomos estupidamente apodados e referenciados na Imprensa portuguesa da altura e, mais tarde, na Internet como o Batalhão do pé descalço". Este livro tenta esclarecer e desmistificar tal designação.

Ainda se seguiu a estadia em Nova Lisboa, onde o batalhão de Jorge Machado-Dias teve como missão proteger os refugiados civis que, no aeroporto, aguardavam embarque na ponte aérea.

O livro inclui relatos de ex-camaradas do autor: José Manuel da Silva contribuiu com excertos de cartas enviadas de Angola à sua futura esposa, e Almerindo Figueiras, que colaborou com relatos telefónicos sobre vários factos de situações vividas por aquele batalhão.

O autor inclui na sua obra uma entrevista a José Ventura, dada à Gazeta das Caldas em Novembro de 2015. O militar esteve em Angola a partir de Maio de 1975, tendo integrado a Companhia de Comandos e Serviços do Batalhão de Cavalaria 8322/74.

Jorge Machado-Dias (Lisboa, 1953) estudou artes visuais na Sociedade Nacional de Belas Artes e arquitectura na Escola de Belas Artes, tendo optado em 1983 por seguir a profissão de designer gráfico. Em 1995 escreveu o argumento para os livros de banda desenhada As Aventuras de Paio Peres (volumes 1 e 2), ilustrados por Victor Borges e fundou a editora Pedranocharco Publicações. Em 2005 lançou o jornal/revista sobre banda desenhada BDjornal, que terminaria a sua publicação em 2013. Vive nas Caldas da Rainha desde 2010 e colabora com a Gazeta das Caldas desde 2013.

O livro será apresentado nas Caldas em Setembro, estando prevista a realização de uma exposição de fotografias que integram "Últimos no Leste de Angola". A obra encontra-se à venda nas papelarias Alex e Vogal.

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