BART 6221/74 - A HISTÓRIA DO BATALHÃO DE ARTILHARIA 6221/74 - ANGOLA 1975

domingo, 29 de março de 2015

1617 – A FUNDAÇÃO DA CIDADE DE BENGUELA + OS 400 ANOS DE TODOS OS GOVERNADORES PORTUGUESES DE ANGOLA: PREÂMBULO – PARA UMA HISTÓRIA DE ANGOLA (PARTE 9)


Manuel Cerveira Pereira 

O INÍCIO DA EXPLORAÇÃO 
DO SUL DE ANGOLA 
COM A FUNDAÇÃO 
DA CIDADE DE BENGUELA EM 1617

E A LISTAGEM DOS 400 ANOS DE TODOS OS GOVERNADORES PORTUGUESES DE ANGOLA
DE 1 DE FEVEREIRO DE 1575, 
A 10 DE NOVEMBRO DE 1975.

Manuel Cerveira Pereira foi o 8º Governador e Capitão-General da Feitoria portuguesa de Luanda e Angola (como já dissemos esta designação deriva do título Ngola, usado pelos soberanos do “Reino” de Ndongo) e foi nesse mandato que comandou a expedição que veio a resultar na criação do presídio e forte de Cambambe, nas margens do Rio Cuanza, perto da actual barragem hidroeléctrica – a Leste de Dondo.

 
Ruinas do Forte de Cambambe

Parece ter caído nas boas graças do rei Filipe II (de Castela, Portugal, Aragão, etc...), que o nomeou, a 10 de Dezembro de 1614, capitão-mor e conquistador do Reino de Benguela. O facto de ser considerado um dos mais experimentados oficiais portugueses nas campanhas militares no Ndongo pesou na sua nomeação de novo como Governador e Capitão-General, tornando-se agora, com o segundo mandato, o 11º no cargo, incumbido de “conquistar o reino de Benguela”, que marcaria o início da exploração portuguesa do Sul do território.


Cerveira Pereira fundeou na Baía de Santo António (anteriormente conhecida por Baía das Vacas), no dia 17 de Maio de 1617, sendo esta data considerada como a da fundação da Cidade de S. Filipe de Benguela, em homenagem ao rei, que se tornou então a sede do “Reino de Benguela”. Benguela é pois, a segunda cidade mais antiga de Angola, depois de Luanda. 


Segundo o historiador, escritor e editor Armindo Jaime Gomes, a origem da palavra Benguela provém “Do étimo mbenga, Benguela é a corruptela do verbo “okuvenga” da língua umbundu; okuvengela (sujar) / okumbengela ovava (sujar-me a água), relativamente às águas estagnadas e em língua portuguesa é entendido como turvar, turvar-se, perturbar, alterar, transtornar, escurecer, embaciar, nublar, enuvear (Pe. Alves, A., 1951). Evoluído de “mbengela”, a toponímia passou a significar perda de transparência, de limpidez, de clareza, perturbação, fazer perder a razão, cobrir o céu de nuvens, situação confusa, indefinição (op. cit.). Apesar de fazer parte da onomástica planáltica, a exemplo de Katombela, Mbaka, Kakonda, Civangulula, etc., a versão popular admite que o topónimo tenha resultado da distorção linguística nos primeiros contactos entre os portugueses e ambwi. Em vez do nome da região que se pretendia saber, os intrusos receberam a justificação da turvês das águas lacustres e fluviais.”

Contudo, já tinha existido uma povoação com o nome de Benguela, perto de uma aldeia chamada Kissonde, no limite Sul do “Reino” de Kissama – perto da foz do Rio Calala –, já em territórios umbundu. Os portugueses tentaram colonizar essa região em 1587, fundando uma povoação com o nome de Benguela. O povoado foi abandonado pouco depois mas em 1771 os portugueses voltaram ao local original e ergueram a povoação de Benguela Velha, actual Porto Amboim. O primeiro contacto entre os povos dessa região e os portugueses realizou-se no ano de 1587, por António Lopes Peixoto, a mando do seu tio Paulo Dias de Novaes, com o objectivo de erguer um fortim no local – com forma de baía – onde Diogo Cão havia passado sem atracar, para nele construir o povoado com a designação de Benguela, que acabou por ser abandonado, face à resistência das populações da região. Dos documentos conhecidos, sabe-se que António Peixoto terá mesmo erguido uma fortificação no morro do Kissonde, onde existe hoje um farol, erguido sobre os restos da antiga fortificação.

O morro de Kissonde, com o actual farol lá no alto...

Mas o “Reino de Benguela” de Cerveira Pereira, não durou muito. As fabulosas riquezas de cobre, supostamente em Sumbe-Ambela – um pouco a sul de Benguela – com que Manuel Cerveira Pereira sonhava, e tinha levado o rei a separar os dois “reinos", revelou-se um total fracasso. Um ano e meio após a sua chegada, o optimismo começou a desvanecer-se dos horizontes do conquistador. Depois de muitas guerras, a primeira "conquista" de Benguela acabou tragicamente na noite de 15 de Janeiro de 1619, terça-feira: Cerveira Pereira foi expulso de Benguela e posto à deriva em um batel ... com um mastro quebrado e uma vela rota, ... sem mantimento, ... sem cama e sem vestidos mais do que tinha quando ... o prenderam. Doente, praticamente cego de uma vista e na miséria, Cerveira Pereira chegou a Luanda, arrastado pela corrente, no dia 20 de Janeiro de 1619.
A seguir à sua morte ficou como governador interino Lopo Soares Lasso que, já depois de abandonar aqulea função governativa, em 1633, numa tentativa de dar guerra ao Ngola Njimbu, de Caconda (já o “reino” do Ndongo se encontrava fragmentado em vários potentados, sendo a Ngola Nzinga (Ginga) Mbande senhora da sua parte oriental e da Matamba), que tinha mandado avisar o governador que não havia razão para este lhe fazer guerra, que ele, soba, não queria; mas Lopo Lasso foi penetrando nas suas terras e sofreu uma derrota total. Salvou-se um único homem, angolano, que levou a triste nova ao 17º Governador e Capitão-General de Angola, Manuel Pereira Coutinho.

A pequena guarnição que ficou em Benguela, morria de fome. Sem comida, nem armas para se defenderem.

O cobre apareceu, séculos depois, mas não em Sumbe-Ambela!

Em 1641 a cidade foi tomada pelos holandeses e a população teve de se refugiar no interior, a cerca de 200 km do litoral. Sete anos depois, em 1648, Benguela foi libertada. Desde então passou a ser porta de passagem para o interior e a região desenvolveu-se muito. Em 1705 uma esquadra francesa destruiu a cidade quase completamente, mas entre 1710 e 1755 os benguelenses reconstruíram-na. As construções eram rudimentares, sendo a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo, a primeira construção de pedra e cal.

LISTAGEM DOS 400 ANOS DE TODOS OS GOVERNADORES PORTUGUESES DE ANGOLA
DE 1 DE FEVEREIRO DE 1575, 
A 10 DE NOVEMBRO DE 1975:





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6 comentários:

  1. A educação é arma mais poderosa que vc pode usar para mudar o mundo.

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  2. Africanos devemos estar unidos para resgatarmos a nossa identidade

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  3. Temos que volta a escrever a History de Angola..

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  4. EFEFFRGRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRRGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGTGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGGG

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